sábado, 5 de março de 2011

Éramos tão jovens...



Éramos tão jovens! Tudo era possível, a vida estava só começando. Tantas descobertas, tanto ainda por se revelar: a festa, os amigos, as viagens, os pequenos delitos.
Éramos inocentemente jovens.

Acreditávamos no amor eterno, no amigo pra sempre, na vida infinita, na juventude atemporal.
Ouviamos Vandré enchendo o peito de ar e seguíamos enfrente sem contabilizar os anos.
O minuto era eterno. O tempo parava para ver passar nossa juventude com fúria, beleza e ingenuidade.

A trilha sonora do momento era o nosso combustível.
Embalados pela melodia éramos atores do nosso próprio roteiro imaginário.

Haviam os planos, os sonhos, as conquistas sem metas estabelecidas, o que, aliás, não contabilizávamos era o tempo. Corríamos pela vida como no jardim de nossa casa, tão conhecido era o terreno.

Éramos tão jovens e o beijo era o mensageiro da paixão que vinha embrulhado em abraços, amassos no muro da esquina. Tudo resplandecia. A felicidade era nossa droga predileta, o nosso vício inconfessável.

Sempre um novo motivo para comemorar. Um sentimento novo para desvendar. Um novo amigo, um novo lugar, um outro pôr do sol para apreciar. Éramos tão jovens que a juventude se perpetuava a cada nascer do sol.

Éramos os donos do melhor amigo, da melhor festa, da melhor história, da maior paixão. A intensidade do nosso viver era tanta e tão pouca que nem me lembro mais o tempo que percorri.

Ao acordar hoje, não precisei me olhar no espelho para me sentir, aos cinquenta e dois anos, ouvindo a mesma trilha sonora sem me dar conta se estava no presente, no futuro, ou ainda adormecida no passado. Apenas percebi que éramos tão jovens!

São Paulo - Ago/2007 Sem revisão

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